Critica | Friday The 13th (Sexta-Feira 13) — 1980

Cinema Show
3 min readJul 1, 2022

--

Friday 13th (1980). Direção de Sean S. Cunningham. Estados Unidos. 95 minutos.

É inegável a importância de Sexta-Feira 13, para o subgênero slasher, e como este longa conseguiu marcar uma geração. É claro, hoje temos a visão de um vilão clássico, de uma máscara icônica e de uma franquia já estabelecida no cinema. No entanto, antes disso, houve uma obra que introduzia a história deste tradicional personagem.

Dirigido por Sean S. Cunningham e com o roteiro de Victor Miller, o filme se passa em Crystal Lake, que conta com um passado sangrento, devido a registros de homicídio no local. E após anos fechado, um grupo de jovens decide reabrir um acampamento no bosque, mesmo após diversas advertências de moradores sobre o ocorrido.

É notável que Sexta-Feira 13 é uma tentativa de surfar no sucesso de Halloween, filme de 1977 dirigido por John Carpenter. E isso não se deve ao fato de compartilharem do mesmo subgênero do terror, mas sim pelo esforço em criar um desenvolvimento e um clímax com uma trilha sonora simples e tensa e também pela ação de tentar recriar uma figura como a de Michael Myers. Portanto, é injusto se dirigir a Sexta-Feira 13 como uma mera cópia de Halloween, pois o longa consegue se estabelecer durante a rodagem e sua narrativa convence, mesmo com problemas visíveis. Embora haja quem diga que a franquia apenas encontrou sua personalidade posteriormente. O que, particularmente soa bastante indevido, pois, mesmo sendo inferior a Halloween, Sexta-Feira 13 é tão ousado e possui uma fórmula tão segura que acabou inspirando diversos filmes de terror nos anos seguintes.

Dessa forma, é fundamental ressaltar o empenho de Sean S. Cunningham para disfarçar o baixíssimo orçamento. O trabalho de maquiagem consegue dar uma roupagem diferente para as cenas e acredito que isso seja um ponto alto do longa-metragem. A utilização da câmera em primeira pessoa para colocar o espectador no ponto de vista do assassino, escondendo assim o seu rosto, na tentativa de originar um clímax, cria uma tensão necessária para o ritmo do longa e consegue causar medo em quem assiste. Justamente por estabelecer que, durante essas cenas algo de ruim e violento acontecerá com os jovens no acampamento, e ainda assim, consegue fazer uma bela utilização do elemento surpresa. Por isso, deve-se realçar novamente o trabalho de maquiagem, pois ele possui papel fundamental no sentimento causado no espectador durante cenas mais violentas. Em um projeto totalmente independente, não há possibilidade de investimentos em efeitos primorosos, devido a isso, o longa trabalha muito bem todas as cenas visualmente e obtém um bom resultado, graças as boas decisões criativas.

Embora tenha um roteiro simples e que falha em manter o padrão de execução, se tornando maçante em certos momentos da rodagem. A história estabelece um clímax marcante e bastante surpreendente que estabelece o ponto forte do final, posto que, existem certas limitações de orçamento na realização de certas cenas que as tornam mal produzidas. Ainda sobre o roteiro, acredito que a decisão de não explorar a fundo nenhum personagem apresentado, pode fazer com que o espectador tenha dificuldades de conexão com a história e com o filme de maneira geral.

Sexta-Feira 13 nos coloca em diversas situações tensas e violentas, muito do clima apresentado se dá em cima da boa trilha sonora de Harry Manfredini que estabelece um ambiente sombrio e causa certa ansiedade no público.

Há também outro ponto a ser discutido dentro da obra acerca da personagem Alice, interpretada por Adrienne King. A protagonista ganha uma atenção maior nos minutos finais, porém, desde o início consegue convencer como personagem principal, mesmo não havendo nenhuma tentativa de construção de personalidade dentro do longa, seja com Alice ou com qualquer outro personagem do filme. Assim, aqui, é inexistente qualquer linha de diálogo relevante entre os personagens.

Mesmo com diversos problemas, Sexta-Feira 13 carrega, em sua essência, uma identidade e uma força bastante relevantes para o futuro do subgênero slasher e do terror de forma geral.

NOTA:7/10

--

--