Crítica | Barbie — 2023

Cinema Show
4 min readJul 21, 2023

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Barbie (2023). Direção de Greta Gerwig. Estados Unidos. 114 minutos.

Barbie, dirigido por Greta Gerwig (Lady Bird) que também assina o roteiro ao lado de Noah Baumbach (História de um Casamento), é, sem dúvidas, o grande filme-evento de 2023. O longa traz uma narrativa extravagante, profundamente criativa e engraçada.

Criei grandes expectativas para esse filme e confesso que me diverti bastante. O humor e a sátira utilizados pela realizadora me agradaram muito. Gosto dos trabalhos anteriores da diretora e a contribuição de Noah Baumbach me deixou bastante ansioso para conferir o novo lançamento da Warner Bros.

Ao olhar para as últimas realizações da Warner, The Flash (Flash) e Don’t Worry Darling (Não Se Preocupe, Querida), por exemplo, temos longas que tiveram uma campanha de distribuição péssima e consequentemente fracassaram. Mas para Barbie, a história foi completamente diferente. Um alto engajamento gerado nas redes sociais, pré-venda de ingressos semanas antes para efeito de geração de expectativa e interesse pois, antes do lançamento do filme, muitos se questionavam sobre a abordagem e o tema da nova obra de Greta Gerwig. A produtora aplicou uma estratégia de distribuição bastante eficiente e será recompensada, na minha visão, com ótimos números de bilheteria.

Barbie (Margot Robbie), vive em Barbieland, um mundo perfeito, mas certo dia, ela acorda e tudo começa a dar errado e percebe que ela está sofrendo com uma crise existencial que afeta toda a sua vida.

O mundo criado por Greta Gerwig é excepcional, a Barbieland é maravilhosa e é muito divertido acompanhar tudo que acontece ali. A direção de arte, o figurino, o set design é muito bem-feito e grande parte da qualidade da obra está atrelada a estes fatores. As menções de versões canceladas e versões alternativas de bonecas Barbie são muito engraçadas, os acontecimentos que precisam de uma abordagem mais fantasiosa e até mesmo cartunesca, como o jeito de se locomover e até mesmo “viver” neste mundo é muito bem executado, e convidam o espectador a entrar nessa viagem ao mundo de Barbie, que é primorosamente explorado na introdução, um dos pontos altos do filme. E ao falar nisso, é impossível não mencionar a narração de Helen Mirren, ela torna o filme muito melhor. Já as transições bruscas ao decorrer da história entre o drama, a comédia, o musical, e as críticas, são muito criativas, mas nem sempre boas.

Toda a sátira e crítica construída, relacionando o mundo fantasioso de Barbieland com o mundo real, é de um primor ímpar, pois criam um sentimento de perplexidade e até mesmo um impasse para a protagonista. Quando o texto se propõe a falar sobre o patriarcado, a zombar com a realidade em que vivemos e a expor os problemas reais e atuais do mundo é muito bom e divertido, pois não é feito de uma maneira irregular ou forçada demais, muito pelo contrário, todas as críticas do filme são bastante consistentes até o ato final. Embora, a cena do discurso feito pela personagem da atriz America Ferrera, é, na minha concepção um pouco maçante, pois a crítica do filme foi estabelecida desde o início e de uma forma muito natural, todos já sabíamos onde o filme queria chegar. Por mais que considero o texto da Greta Gerwig ambicioso, ele funciona muito bem dentro do contexto do mundo de Barbie, os eventos, por mais estranho que pareça, fazem bastante sentido dentro dessa fantasia.

Existem momentos que vemos várias versões de Barbie e várias versões de Ken, o que é muito legal. Ver bonecos que são sucesso em vendas e comentários sobre eles de acordo com o andamento do filme é bastante prazeroso e trás um sentimento muito gratificante para o espectador, o filme sabe disso e aposta nisso em muitos momentos. O que, novamente, está atrelado diretamente com o ótimo e enriquecedor trabalho de figurino que literalmente incorpora as diversas versões de Barbie e Ken. Além disso, os atos musicais são carregados com essas diferentes versões e fortalecem todos os personagens da trama.

Os trabalhos de atuação são ótimos e contribuem para a qualidade do filme. A Margot Robbie é a escolha perfeita para interpretar a Barbie e sabe lidar muito bem com a transição entre o mundo perfeito e o mundo real e seus questionamentos. A atuação de Ryan Gosling está muito divertida e com certeza será a referência do personagem Ken daqui para a frente, ele simplesmente acertou em tudo que fez, é engraçado, dramático e bobo, num bom sentido. Sobre os coadjuvantes, o único que vale a pena falar é sobre o personagem do Michael Cera, que é muito divertido e espontâneo. Todos os outros são fracos, com arcos que não adicionam muito para o andamento da história, vide Will Ferrel.

Barbie provavelmente se transformará em uma franquia da Warner Bros. A produtora sabe do impacto que teve e vai apostar nisso, assim como a Mattel também sabe do poder de seu produto. O longa é engraçado, dramático e nada sutil quanto suas críticas. Eu me diverti muito com Barbie!

NOTA: 8/10

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